Com acentuado e estratégico retardo, a Universal lança a quarta e última caixa comemorativa dos 40 anos de carreira discográfica de Caetano Veloso, que, com exceção do compacto com Samba em Paz e Cavaleiro (RCA, 1965), lançou todos os discos por essa gravadora, desde quando era Philips. O último lote de Quarenta Anos Caetanos, com 11 CDs, cobre o período de 1995 a 2007, em que o baiano despertou críticas negativas/divididas (aos álbuns Livro, Noites do Norte e A Foreign Sound) e entusiasmadas (caso do sensacional Eu Não Peço Desculpa, com Jorge Mautner, e de Cê).
Nesse tempo, Caetano, também fez cinco registros de shows ? Fina Estampa ao Vivo, Prenda Minha, Omaggio a Federico e Giulietta, Noites do Norte ao Vivo e Cê ao Vivo. A diferença (e vantagem) desses para outros do gênero, é que os roteiros de seus shows primam pela precisão e pela coerência e têm sempre boas surpresas em repertório, arranjos e interpretações. Diz o pesquisador Rodrigo Faour, autor dos textos do encarte, que "o despretensioso" Prenda Minha é o recorde de vendas da carreira de Caetano.
Raridades. Em relação a todos esses CDs ? já gravados pelo processo digital, ao contrário dos outros da era do LP, remasterizados ? não há novidades. Mas vale lembrar que os mais estimulantes são aqueles em que Caetano se associou a músicos e produtores da nova geração. Eu Não Peço Desculpa foi produzido por Kassin, e Cê, com a coprodução de Moreno Veloso, tem a marca do trio Pedro Sá, Ricardo Dias Gomes e Marcello Callado, que continuou com ele em Zii e Zie, de 2009, não incluído no pacote porque não tinha mesmo de estar.
O chamariz da caixa, como das anteriores, é o CD extra, contendo raridades, algumas reais, outras pressupostas. Essa tem menos ? não há nada que não tenha saído em CD, só é vantajoso porque junta o material espalhado por outros discos, embora Caetano tenha feito muito mais gravações avulsas em projetos alheios.
Intitulada Que De-Lindo (versão de It"s De Lovely, de Cole Porter), a compilação abre com um dueto com Gal Costa em A Luz de Tieta, samba-reggae do longa-metragem Tieta, de Cacá Diegues, e tem outro tema feito para cinema, Ó Paí, ó (com Jauperi).
Há também a rara Machado de Xangô (extraída de um disco de Saul Barbosa) e felizes e/ou inusitados encontros com Margareth Menezes (Vestido de Prata), Olodum (Lua de São Jorge), Alcione (Pedra de Responsa), Negra Li (Meus Telefonemas), Riachão (Vá Morar Com o Diabo), João Donato (O Fundo), Maria Bethânia (O Canto de Dona Sinhá) e Flávio Venturini (Céu de Santo Amaro, adaptação de belíssima melodia de Johann Sebastian Bach). Bom desfecho da história de um período.
Fonte: Estadão Online
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