segunda-feira, 10 de maio de 2010

Aos 60 anos, o guitarrista Peter Frampton renova sua carreira

Em 1976, “Frampton Comes Alive!” se tornou um disco fenômeno que passou 10 semanas no primeiro lugar da parada Billboard e vendeu mais de 16 milhões de cópias em todo o mundo. Foi o suficiente para um jovem e charmoso guitarrista virar referência e mudar os rumos da indústria fonográfica, pois um disco duplo, ao vivo, de um artista quase desconhecido, era improvável de se tornar um sucesso. Filho de um professor de arte da Bromley Technical School, em Beckenham, Inglaterra – onde foi colega de classe de David Bowie – depois de descobrir um banjo aos 7 anos, Peter Frampton, aos 10, já tocava em uma banda chamada The Ravens, muitas vezes dividindo o palco com George & The Dragos de David Bowie. A partir daí, Frampton passou por dezenas de grupos, entre eles The Trubeats, The Preachers – que foram produzidos e empresariados pelo baixista dos Rolling Stones, Bill Wyman – e, quando tinha 16 anos, The Herd, o primeiro a fazer um relativo sucesso; em 1969 se uniu a Steve Marriott, dos Small Faces, em uma nova banda, chamada Humble Pie; surgia uma proposta inovadora de fazer um hard rock psicodélico, com base de blues. Peter também tocou no célebre “All Things Must Pass” (1970) de George Harrison; permaneceu no Humble Pie até 1971, quando foi para a carreira solo. De repente, o disco “Frampton Comes Alive!” o transformou em super astro instantâneo; as pressões e a grana fácil o levaram a decisões que arruinaram sua credibilidade – posando sem camisa para a capa da revista “Rolling Stone”, estrelando na pouco recomendada adaptação cinematográfica de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1978) dos Beatles e dando uma guinada pop com o single “I’m in You”. A imperdoável indústria pop estigmatizou o guitarrista e os fãs não perdoaram; o declínio comercial de Frampton foi rápido, mas apesar do ostracismo que se seguiu, ele reconstruiu sua reputação artística concentrando-se em sua guitarra, incluindo uma passagem pela banda do velho amigo Bowie em “Never Let Me Down” (1987) e participando da turnê “Glass Spider”; uma reunião, em 1991, com Marriott, dos tempos do Humble Pie e turnês com os Rhythm Kings de Bill Wyman e com a All-Starr Band de Ringo Starr, o transformaram em “cult” novamente, algo raro para quem chegou a ser um popstar de massa.

Peter continuou lançando álbuns solo até o sucesso de “Fingerprints”, seu primeiro trabalho totalmente instrumental, em 2006, que rendeu seu primeiro Prêmio Grammy –melhor álbum pop instrumental – e obteve mais atenção do que o roqueiro veterano vinha desfrutando no últimos tempos de sua longa carreira. Agora, pela primeira vez em muito tempo, Peter Frampton lança um álbum com as badalações merecidas: “Este é o primeiro álbum que aguardo com tanta expectativa”, comenta Frampton, aos 60 anos completados em abril. “Eu acho que estou mais ciente do mundo e da minha posição nele, o que posso e o que não posso fazer. Eu acho que, musicalmente, eu estou apenas experimentando. Minha meta é sempre acordar hoje e compor algo que não poderia ter feito ontem. Esta sempre será minha meta.”, declarou em entrevista ao New York Times. Com a boa aceitação de seu disco anterior, pensou em continuar no caminho instrumental, mas optou por retornar à música cantada, por isso “Thank You Mr. Churchill” foi um desafio. Numa revisão positiva do passado, chamou para compor seu velho colaborador Gordon Kennedy e o produtor Chris Kimsey, que foi o engenheiro do primeiro álbum solo, “Wind of Change” (1972) e que, modernamente, Frampton reencontrou via Facebook. Entre os músicos convidados estão o baterista do Pearl Jam, Matt Cameron, membros dos Funk Brothers, grupo da Motown, na faixa “Invisible Man” e seu filho Julian, em “Road to the Sun”. Esse passado ainda é reforçado na natureza autobiográfica de algumas letras, como a faixa título, em que agradece ao primeiro-ministro da Inglaterra dos tempos de guerra, Winston Churchill, pela liderança que trouxe o seu pai de volta da Segunda Guerra Mundial, em segurança.

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