quarta-feira, 19 de maio de 2010

Zé Ramalho no ritmo de Jackson do Pandeiro

Depois de render tributos a Luiz Gonzaga, Bob Dylan e Raul Seixas, Zé Ramalho foca sua música nos forrós e cocos de Jackson do Pandeiro. O CD Zé Ramalho canta Jackson do Pandeiro sai pelo selo Discobertas, do jornalista Marcelo Fróes, com 12 faixas e muita festa.

O disco traz material gravado de 1994 até 2010, dividindo entre compilação de outros trabalhos e gravações inéditas. Dos melhores álbuns da safra de tributos de Zé Ramalho, o projeto funciona muito bem, mantendo unidade mesmo em gravações feitas em momentos diversos.

Conterrâneos do estado da Paraíba, os artistas juntam afinidades nesse álbum que tem tanto a marca de um quanto de outro. "Que alegria poder cristalizar meu conhecimento e admiração por Jackson através desse disco", declara em nota publicada no encarte. Zé Ramalho prova o conhecimento da obra e não se prende apenas aos sucessos, trazendo também músicas menos lembradas como Lá vai a boiada e Ele disse. Mas a tônica é de festa e da homenagem.

Tem o humor de Jackson em músicas como a clássica Cantiga do sapo, que Zé Ramalho improvisa um quase-rap ao sucesso do rei do ritmo. Passam diálogos com coro de crianças e até com o sapo. Ramalho relê sucessos como Cabeça feita e O canto da ema. Em um animado medley junta alguns dos maiores hits de Jackson como Sebastiana, Um a um e Chiclete bacana, que em seguida volta em uma segunda versão, faixa gravada para o CD do sanfoneiro Waldonys de 2003. Em Casaca de couro a participação é do mestre Sivuca, que assina arranjo, regência e ainda toca sanfona.

Se houve um esforço de trazer no encarte as datas das gravações e os créditos para músicos e técnicos, faltou registrar a origem das gravações. O canto da ema, por exemplo, fez parte do CD tributo João Batista do Vale, idealizado por Chico Buarque e produzido por José Milton para a BMG. De seu próprio CD Nação nordestina (2000), Zé Ramalho resgata a ótima Ele disse, que ousa e inclui trecho do discurso de Getúlio Vargas sobre o dia do trabalho. "O povo de quem fui escravo / Não será mais escravo de ninguém", diz a letra.

Na última década Zé Ramalho tem alternado álbuns autorais e releituras. São válidas e muito bem feitas, com muito critério e cuidado. Não soam banais, o mesmo cuidado que Zé Ramalho tem com sua obra mostra quando vai render essas homenagens.

Fonte: Ziriguidum


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